Slim: trabalhar só 3 dias por semana mas adiar a reforma


Se a tecnologia o permite, é possível trabalhar "três dias por semana" ao mesmo tempo que se prolonga a carreira, defende o magnata mexicano.


"É uma proposta antiga, mas Carlos Slim, o empresário mais rico do México e um dos mais ricos do mundo, insiste na ideia e até já a aplica numa das suas empresas: há pessoas que podem trabalhar apenas três dias por semana, mas com isso devem prolongar a sua vida laboral muito além dos 65 ou 66 anos.

Isso faz bem à economia: cria mercado para mais turismo, entretenimento e cultura, defendeu o mexicano numa entrevista à Bloomberg.

De acordo com o magnata, que no final de 2015 teria uma fortuna avaliada em 45 mil milhões de euros (cerca de 50 mil milhões de dólares), a ideia é por as pessoas mais produtivas e com maior nível de qualificações nessa ‘vanguarda’. Se a tecnologia o permite, é possível para alguns trabalharem “três dias por semana” ao mesmo tempo que prolongam a carreira, defende.

Os avanços da medicina e a maior longevidade das pessoas permitem aos mais velhos trabalharem mais tempo além do limite legal de reforma. Carlos Slim tem 76 anos e diz que, se tivesse seguido o regime clássico de aposentação da Telmex (companhia de telecomunicações incumbente mexicana), uma das suas empresas, “já estaria reformado há 22 anos”.

Com uma semana de trabalho mais curta e uma carreira mais longa “haverá menos necessidade de transporte” de casa para o trabalho e vice-versa, “as nações não teriam de enfrentar tantas reformas antecipadas que são financeiramente destabilizadoras”.

A qualidade de vida de quem trabalha menos dias por semana “iria encorajar uma série de atividades económicas — mais turismo, entretenimento, desporto, cultura e educação”. “Para se criar emprego, precisamos de novas atividades.”


Libertar espaço para os mais jovens




E é aqui que Slim completa a sua visão. Quem trabalha menos tempo por semana também “cria espaço para que outros” encontrem emprego, ao mesmo tempo de que dispõe de mais tempo extra para formação e com isso encontrar um emprego “ainda melhor”. Os “outros” podem ser “mais jovens”, explicou Slim numa outra entrevista, em 2014.

No caso em que os sistemas de pensões são privados ou mistos, uma solução deste género tenderia a aliviar as responsabilidades dos fundos de pensões das empresas com esses seus empregados que trabalham menos horas. Slim não fala desta questão.

Na entrevista, o gestor diz que já está a aplicar este modelo numa das suas empresas, a Telmex [que emprega cerca de 50 mil pessoas].

E as pessoas vão ganhar menos ao trabalhar menos dias e horas por semana? As reformas saem penalizadas? Só ganharão menos se não fizerem nada com o seu tempo extra. A ideia é qualificarem-se mais, arranjarem empregos melhores e mais bem remunerados. No limite, também podem arranjar um segundo emprego, defende.

“Penso que as empresas que podem aplicar isto são aquelas em que a produtividade levou a excesso de pessoal. É uma grande mudança poder trocar menos dias de trabalho por mais anos até à reforma. Na verdade, nós já começamos a fazê-lo na Telmex há alguns anos. Estamos a oferecer a quem tem maiores qualificações a possibilidade de ficarem mais tempo na empresa, trabalhando menos dias por semana.” “Cerca de 40% dos que receberam a proposta, aceitou”.

Carlos Slim não está isolado nesta ideias. O magnata inglês Richard Branson, dono do grupo Virgin, também defende que se devem trabalhar menos horas.

Algumas companhias na Suécia têm sido aparentemente bem sucedidas na aplicação de semanas de trabalho mais curtas, diz o The Independent, num artigo sobre a entrevista de Slim à Bloomberg.

A Toyota, que tem operações em Gotemburgo, iniciou há 13 anos uma mudança nos tempos de trabalho, A Filimundus, que faz aplicações para telemóveis e computadores, está baseada em Estocolmo e pratica o esquema de seis horas diárias de trabalho (durante cinco dias por semana) desde 2015, escreve o jornal inglês na sua versão online."



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