O que é que o poder faz às pessoas?


"São geralmente as primeiras pessoas a falar num grupo, falam mais, falam mais alto, muitas vezes interrompem os outros, são confiantes, dominadoras, podem ser egocêntricos e reagir de forma agressiva quando ameaçados. Definem metas, correm mais riscos, agem e decidem depressa. Em determinadas circunstâncias podem ser corrompidos e corromper, trair e negligenciar as necessidades de terceiros."

"Ana Guinote é professora de psicologia experimental na University College de Londres e publicou o estudo com o título: “Como o poder afecta as pessoas: Accionar, Procurar e Definir Metas”. A investigadora analisou diversos artigos publicados nos últimos 15 anos de várias áreas, desde a psicologia às neurociências, passando pela gestão."

"O artigo de revisão faz cair algumas máscaras do poder. Exemplos? Mais importante do que ser verdadeiramente inteligente, revela, será mesmo só parecer inteligente. A investigadora nota que a inteligência foi inicialmente considerada como um bom indicador para prever uma posição de poder mas os estudos indicam, que, afinal, a relação entre uma coisa e outra é fraca. Basta a reputação de inteligente – que se consegue através da extroversão e comportamentos confiantes – para ser um candidato mais forte a ocupar uma situação de poder."

"E o mesmo vale para a competência. “No contexto social, as pessoas dominadoras são assertivas e decididas. Esta assertividade cria a impressão de competência, mesmo quando elas não são necessariamente mais competentes e a competência (ou apenas a sua aparência) é o factor-chave para chegar até um lugar de poder.”"

"Se tivéssemos que escolher os principais traços de personalidade de um forte candidato a uma posição de poder, a autoconfiança, o optimismo e um carácter dominador tinham de surgir no topo da lista. “São as pessoas que sabem dar uma resposta às necessidades de um grupo que tendem a emergir como líderes mais facilmente”, refere Ana Guinote ao PÚBLICO, acrescentando que “têm uma grande autoconfiança, que aumenta quando têm poder”."

"Nota-se assim, “uma certa tendência, um certo enviesamento” para o egoísmo. “Mas não é por causa do poder em si próprio, mas geralmente porque alguma coisa já existe nessas pessoas. O poder abre as portas, dá espaço para defendermos o que achamos importante que, nesse caso, podem ser os próprios interesses. O poder aumenta a personalidade das pessoas.”"

"E pode tornar-se um vício? “As pessoas quando têm poder não querem perdê-lo. Pode ser uma espécie de um vício. A questão é saber se o poder dá prazer.” Os estudos com modelos animais que olharam para dentro do cérebro, e que revelaram que este tipo de papel desencadeia a produção de dopamina e a activação dos circuitos cerebrais associados à recompensa, parecem indicar que sim: o poder dá prazer."


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